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Gilberto Gil aos 83: a despedida em forma de oração

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Gosto de acompanhar artistas no seu ocaso. Quando enfrentam seu fim com dignidade, costumam deixar obras-primas, como é o caso de Johnny Cash com seus discos American Recordings. Alguns também se tornam pessoas melhores, como o próprio Cash; até exemplares, como Nick Cave, que nem está tão próximo do fim assim, mas apanhou tanto da vida nos últimos anos que parece ter antecipado o crepúsculo, transformando em um meio-dia de verão.

Ainda que nem uma coisa ou outra aconteçam, o fim em si é comovente. Veja o caso de Ozzy Osbourne, que se despediu dos palcos no sábado passado. Aos 76 anos, padecendo do mal de Parkinson, mal consegue andar, tendo feito seu show sentado em um trono. Mas surpreendeu ao cantar. A voz, por mais fragilizada que estivesse, por contrastar com sua decadência física, comove qualquer um que assista à apresentação. Até os mais carrancudos metaleiros na plateia se desmancharam em lágrimas.

No mesmo dia, também Gilberto Gil se apresentava aqui em Curitiba com a sua despedida dos palcos. Aos 83 anos, a voz já não é a mesma, mas Gil é também desses, como Johnny Cash e mesmo Ozzy, que sabe fazer da fragilidade uma........

© Gazeta do Povo