Que o diabo seja cego surdo e mudo
Inesperadamente a Assembleia da República põe o país à beira de um ataque de nervos; e não só, pois veio dar uma imagem pública de se focar somente nos seus umbigos ou seja nos interesses de si próprios, dos seus partidos e da ideologia que professam, embora nem sempre própria e cristalina.
E, assim, que o diabo seja cego, surdo e mudo, penso que os líderes dos dois maiores partidos vão sair das eleições legislativas de 18 de maio que provocaram chamuscados ou mesmo com um passaporte de saída para a reforma política; porque, quer da parte da AD, quer do partido Socialista, havia espaço e condições para manter a legislatura, fosse com o recurso à abstenção (PS), fosse com a desistência (AD) da moção de confiança.
Só que vingou a teimosia, a falta de diálogo, o virar costas aos interesses pelos problemas do país e ao respeito pelo povo que vota e, deste modo, confia nos políticos que elege; todavia, este foi um claro e inesperado golpe na Democracia que acaba por resultar numa evidente apoio ao seu enfraquecimento e descrédito que já se vinha acentuando.
Pois bem, quando a celebração dos cinquenta anos da nossa vida democrática motivo devia ser de afirmação e creditação da continuidade e vitalidade dos seus princípios e valores optou-se por abrir portas e janelas à má-fé, ao jogo de interesses........
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