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Nem tudo o que parece é

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Para melhorarem a sua situação estratégica e colocarem os opositores numa posição desvantajosa, as grandes potências provocam crises deliberadamente, de risco calculado, com o intuito de explorar as vulnerabilidades dos rivais. Isso exige uma definição clara e cuidadosa dos objetivos políticos a atingir. A potência desafiadora procura criar ao opositor uma situação insustentável que o leve a empenhar-se, normalmente contrariado. Isso foi evidente quando os EUA apoiaram militarmente os mujahidins, levando à intervenção soviética no Afeganistão, em 1979. O então Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA durante a presidência de Jimmy Carter Zbigniew Brzeziński nunca escondeu essa intenção.

Situação muito semelhante ocorreu na Ucrânia, quando os EUA promoveram o golpe de estado em Kiev, em 2014, levando à ocupação da Crimeia por Moscovo; e na preparação das forças de Kiev para atacarem os ucranianos de origem russa em Lugansk e Donetsk, ao que se adiciona a ameaça de nuclearização da Ucrânia feita pelo presidente Zelensky na conferência de segurança de Munique, o catalisador específico que levou à invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022.

A dificuldade em definir com clareza os objetivos políticos dessas confrontações estratégicas tem sempre resultados desastrosos para o desafiador. Essa falta de esclarecimento conduziu ao que ficou conhecido como “mission creep”, ou seja, a adição gradual de novas tarefas ou atividades a um projeto, de tal forma que o objetivo ou a ideia original se perdem. Isso foi notório em várias intervenções militares norte-americanas, desde o Vietname à Líbia, passando pelo Afeganistão e o Iraque, o que originou um imenso debate no establishment político-militar norte-americano, pelos vistos com resultados positivos. Numa entrevista à revista Time, Eric Green membro do Conselho de Segurança Nacional durante a Administração Biden veio alertar-nos para o facto de o Presidente Biden ter definido três objetivos........

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