Quando se ultrapassa o abismo separador
Em 2019 o Chega conseguiu eleger para a Assembleia da República um deputado.
Em 2025, isto é, seis anos depois, elegeu 60 deputados.
O que é que se passou, entretanto, na sociedade e na vida política portuguesa que permitiu essa evolução exponencial?
É claro que, entretanto, por quase toda a Europa emergiram movimentos populistas e nacionalistas que alteraram o espectro político-partidário num conjunto alargado de países e, numa perspectiva de longo prazo, seria sempre difícil que Portugal não fosse sensível a uma evolução com estas características.
Mas, existem, também, razões particularizantes que dizem respeito ao caso concreto do nosso querido País.
Com o nascimento da Democracia pós-25 de Abril, ficaram, inicialmente, alguns “traumas” por resolver, desde a “descolonização” aos “retornados”, passando pelos excessos do “gonçalvismo”, vários foram os factores que potenciaram o risco de uma direita conservadora saudosista não se rever no novo regime político em Portugal.
Mário Soares, um grande socialista democrático e social-democrata que colocava a defesa da Democracia acima da sua própria ideologia, percebeu que existia, potencialmente, um problema.
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