Quarta feira, 2 de abril, mais uma vez num ambiente de show, Trump veio anunciar uma rodada de tarifas. A taxa de 25% sobre importações de automóveis entra em vigor, bem como 20% sobre produtos da União Europeia, e 10% sobre importações de todos os produtos, de todo o mundo. Casos especiais: 34% sobre produtos da China, do Japão 24%, do Vietnam 46%, da Coreia do Sul 25%, da Índia 26% , da Tailândia 36% , da Suíça 31%, etc. O Lesoto, um país cujo PIB per capita corresponde a 8% da média mundial, fica taxado em50%...Diz Trump que é a ” declaração de independência económica” dos Estados Unidos! Parece que só a Rússia e a Coreia do Norte se livraram da imposição de tarifas.
Na verdade, desde que foi tomou posse, as medidas protecionistas de Trump fizeram o mundo recuar ao final do séc. XIX. O quadro tarifário agora definido é também muito mais elevado do que as tristemente famosas tarifas de Smoot-Hayley impostas em 1930, no início da Grande Depressão. Trump argumenta, por exemplo face à União Europeia, mas também para o mundo em geral, que os Estados Unidos são “roubados”. Esquece-se que no contexto da globalização, os Estados Unidos foram largamente beneficiados, bem como pelo quadro multilateral das organizações internacionais para cuja criação foram instrumentais e que vieram a efetivar a sua posição hegemónica.
Porque toma Trump estas medidas? Em primeiro lugar, porque pode. Tem o Congresso nas mãos e faz correr a tese de que desta forma conseguirá garantir a reindustrialização dos Estados Unidos e o crescimento económico, mais emprego, mais salários, menos inflação, mais receitas para o Estado. Usou chantagem para........

© Correio do Minho