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“O Natal de outrora e de agora!”

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21.12.2025

1. O Natal da minha infância era feliz, livre e puro. As preocupações não existiam, longe disso. Era apenas criança e isso me bastava. Levantava-me, ia à escola ou à catequese, brincava longamente pela tarde fora, na altura em que as crianças ainda brincavam, inventando jogos, espaços e instrumentos para a sua distracção, fossem motas de madeira, carrinhos de rolamentos, corridas entre o milho, assalto às árvores à cata dos ninhos, ou às fruteiras dos vizinho, os jogos das “betas” e dos botões que nos levavam clandestinamente a fiscalizar camisas, casacos e blusas da família com que pudéssemos reforçar o pecúlio do jogo. Quando a coisa corria mal, é que eram elas!... A pedagogia da lambada fazia maravilhas!...
Todo o ano desesperava pelo mês de Dezembro. A minha infância era órfã de pai vivo, emigrado em França desde o final dos anos de 1950, como acontecia a milhares de crianças como eu, num país oprimido, miserável, sem liberdade nem pão e que obrigava quem não queria estiolar à fome salazarista a ter de enfrentar o destino em direcção aos “bairros de lata” dos arredores de Paris. Naturalmente, em busca de uma vida melhor para si e para os seus.
Como eu esperava, ano após ano, a chegada de Dezembro!.. Dezembro que era o tempo em que meu pai regressava do país da abundância e das oportunidades, carregado de chocolates e caramelos, com um cheiro civilizado e intenso a perfume e aos cigarros “Gauloises”, que me encantava. Aí por meados do mês, eu tinha outra vez pai, que me levava à pesca, me convidava a acompanhá-lo à feira de Fafe, me levava ao futebol e fazia todo o esforço por não ter de exercer a “autoridade paternal”, que era normal na época, no mês em que aqui estava de férias, quando o meu lado rebelde se portava mal. Essa coisa da “educação” e da........

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