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Que ninguém esteja lá

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27.02.2025

Pouco mais de 11 anos atrás, em agosto de 2013, recebi a ligação de um assessor parlamentar. Algo corriqueiro para uma jornalista. Mas o motivo do telefonema não era sugerir uma pauta. "Você é neta do deputado Gervásio Gomes de Azevedo? O mandato dele será devolvido e gostaria de convidá-la para a cerimônia."

Mal podia acreditar no que estava ouvindo. Fazia exatos 50 anos que meu avô havia sido assassinado por motivos políticos. E, agora, eu estava sendo convidada para representá-lo. Ele foi cassado pelo governo de Eurico Gaspar Dutra em 1947, quando o Partido Comunista do Brasil (PCB) caiu na ilegalidade. Por essas estranhíssimas coincidências, a data da cerimônia estava marcada para 13 de agosto. O dia em que balearam o meu avô na barriga.

Aquele convite personificava, para mim, a Justiça. Minhas irmãs e eu crescemos com os relatos traumáticos de nossa mãe, que só conheceu o pai aos 5 anos, quando, enfim, ele pôde sair do autoexílio e voltar para casa. Ainda que sem nenhuma certeza de liberdade.

Durante todo aquele tempo, minha avó cuidou,........

© Correio Braziliense